15 de abril de 2008

Biocombustíveis = Fome???

Teve início hoje, em Brasília, 30ª Conferência Regional da Organização da Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Um dos assuntos principais do encontro deste ano é a questão dos Biocombustíveis. Representantes de ONGs ligadas à soberania alimentar defenderam uma moratória contra esse tipo de combustível, entre eles o etanol e o biodiesel brasileiros.
“Queremos fazer uma chamada urgente contra os agrocombustíveis por uma América Latina e Caribe sem fome”, afirmou o representante do Comitê Internacional de Planejamento de ONGs para a Soberania Alimentaria (CIP), Saul Lopez. Ele lembrou a afirmação feita hoje na Alemanha pelo relator especial da Organização das Nações Unidas para o Direito à Alimentação (Fian), o suíço Jean Ziegler, que classificou a produção em massa de biocombustíveis como um “crime contra a humanidade”, de acordo com a Agência Brasil.
A alegação das ONGs é que os campos utilizados para a produção dos combustíveis “limpos” poderiam servir para a produção de alimentos. “Os biocombustíveis geram a perda das autonomias alimentares, dificultam a reforma agrária e o acesso econômico aos alimentos se deteriora ainda mais”, acrescentou uma representante da Organização de Direitos Humanos pelo Direito à Alimentação (Fian).
Trata-se de mais um capítulo da eterna discussão entre o progresso, tecnologia, vida humana e natureza. É público e notório que a questão dos alimentos precisa ser discutida exaustivamente, analisada e paradigmas devem ser mudados. É impossível que continuemos com a população americana com obesidade mórbida e milhões de pessoas morrendo de fome em todo o planeta. Aqui cabe um parênteses: Você reparou nisso que falei aqui, com que naturalidade você ouviu isso? Pessoas morrendo de fome. Morrendo de fome! Isso deveria ser impensável, mas não é.
Mas acho que os Biocombustíveis representam um ganho enorme para a sociedade. Recentemente foi publicado que o álcool ultrapassou a gasolina em consumo. Trata-se de um combustível mais limpo, com capacidade de regeneração e, até mesmo, economicamente mais viável.
Entretanto, é preciso que se ache um meio termo. Antes de escrever esse artigo, busquei apoio técnico com um amigo, Eduardo Venanzoni, estudante de Arquitetura na UNESP, leitor deste Blog, um dos responsáveis pela confecção do Plano Diretor de Presidente Venceslau, situada numa região de grande plantação de cana-de-açucar, e sua resposta me fez pensar um pouco antes de escrever. “Acho que realmente, em alguns países, é desumano plantar alimentos pra mover veículos e não pra servir de alimento. Eu acho que aqui no Brasil há como equilibrar. Plantar um pouco de cada coisa. Mas vejo aqui por Prudente, é muito difícil fazer feira aqui. É difícil achar produto de qualidade, sabe”.
Sem dúvida, é preciso pensar nisso. Mas acho que atitudes drásticas não devem ajudar. É preciso encontrar um meio terno para que essa situação se resolve e que busquemos um mundo melhor, mais justo, mas que consiga sobreviver por mais algumas centenas de milhares de anos.
Hugo Nogueira Luz é jornalista e acredita que é possível uma sociedade mais justa.
nogueiraluz@gmail.com

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