30 de abril de 2008

Últimas informações do caso Isabela Nardoni

Hoje faz exatamente um mês que a menina Isabela Nardoni morreu, depois de ser jogada da janela do 6º andar de um prédio de classe média, em São Paulo. A TV Cultura, TV Pública do Estado de São Paulo, dedicou exatamente 36 minutos de cobertura a esse fato nestes 30 dias. Muitos programas da TV aberta dedicaram mais que o dobro deste tempo diariamente a falar sobre o assunto.
Além disso, uma pesquisa feita recentemente e publicada pelo Observatório da Imprensa revela que 98,2% dos entrevistados têm informações sobre este caso. Esse número é extremamente alto. Para se ter uma idéia, a percentagem de pessoas que tinham conhecimento sobre o caso dos Cartões Corporativos é de 56%.
Essa é a primeira vez que falo sobre esse assunto. Não que ele não tenha importância ou não mereça ser falado. Mas não achei necessário falar sobre ele. Noticiar o fato se tornou completamente dispensável. Opinar sobre o assunto? Perigoso, muito perigoso. Ainda mais à flor dos acontecimentos. Os meios de comunicação são aconselhados a não publicar sequer o nome de suspeitos de delitos antes que saia a condenação final. A mídia tem um poder muito grande, e este pode ser usado para o bem ou para o mal.
Mas continuemos. A mídia tem mostrado isso exaustivamente, de todos os ângulos, de dentro, de fora, fazendo suposições, acusando e até mesmo julgando (vide caso da Veja). E.... mais de 71% dos entrevistados afirmaram que aprovam o papel da mídia. Cerca de 24% desaprovam.
Mais uma vez: não acho que essa fato seja insignificante, nem que não mereça atenção da grande mídia, mas não da forma como isso tem sido feito. Infelizmente, creio que a imprensa transformou o assassinato de uma menina em um espetáculo. Basta ver a Xuxa saindo chorando de um evento que muitos tiveram a ousadia de chamar de missa. De missa aquilo só tinha o padre, embora fosse o superstar Marcelo Rossi.
O fato que deveria ser exaustivamente falado pela mídia é a destruição da instituição família, como o começo errado de um casamento e seu conseqüente fim podem influenciar negativamente a vida e o relacionamento dos filhos, etc. Um pai assassinar um filho é causa de comoção social, mas não a ponto de se transformar num problema público. Como é o caso dos Cartões Corporativos, onde políticos estavam utilizando bens públicos em benefício próprio.
Mas são coisas da nossa sociedade.... Para encerrar, só mais dois dados: o número de pessoas que assistem, com alguma freqüência, a TV Pública é de 22% (lembra dos 24% que desaprovaram a atuação da mídia?). Já em enquete no site do Observatório da Imprensa, 93% das pessoas disseram que não concordam com a cobertura da mídia.
Hugo Nogueira Luz é jornalista e acredita que é possível uma sociedade mais justa.
nogueiraluz@gmail.com

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