1 de novembro de 2008

Sesc traz teatro, pintura, dança e música para Lorena

Quem passou pela Praça Arnolfo de Azevedo, no centro de Lorena, na última quinta-feira, pode assistir um evento magnífico. Daqueles que serem guardados em uma das prateleiras da memória dedicadas às coisas inesquecíveis. O Sesc (Serviço Social do Comércio) está promovendo o Circuito Sesc de Arte Itinerante, que tem cortado o estado de São Paulo trazendo música, teatro, cultura, artesanato e muito mais para diversas cidades. A idéia é baseada nas apresentações que companhias de teatro e circos faziam há mais quase 500 anos na Europa. Por volta do Século XVI era comum grupos de atores e artistas rodarem cidades italianas levando arte e diversão a todos, realizando apresentações nas ruas e praças.
O “ônibus” do Sesc está passando pelo Vale do Paraíba passando por oito cidades da região, desde 23 de outubro até 1 de novembro. Por volta das 3 horas da tarde a Praça foi tomada por dezenas de funcionários do Sesc, que transformaram o local em um verdadeiro picadeiro.
Mulheres, crianças, idosos, todos que passavam pelo local olhavam assustados toda aquela movimentação que quebrava a monotonia que seria de mais uma quinta feira normal. Aquela quinta poderia ter sido chamada de tudo, menos de uma quinta normal.
A Artista Plástica Tatiana Bo é a idealizadora e realizadora da Oficina Risco. Quem chegou até lá pôde conhecer um pouco sobre os diferentes tipos de arte e de autores, passando por arte moderna, folclórica, moda, entre outros. Ao final da oficina, cada um recebeu um livro com tudo o que havia aprendido. Mas nesse livro há algumas páginas em branco. “Ali, a pessoa é convidada a dar sua contribuição para a arte. Nosso principal objetivo é tentar democratizar a arte, levar até as pessoas, e fazer com que elas façam arte. Isso tudo sem medo de errar ou de ficar feio. O risco pelo risco. A arte pela arte”, explica Tatiana.
Quando o momento era dedicado às crianças, a Praça, ou será o picadeiro, estava tomado por pessoas de todas as idades que assistiram a peça teatral “Os Clássicos do Circo”, com os Parlapatões. “Há palhaços que vêm ao picadeiro para fazer rir. Há palhaços que vêm ao picadeiro para fazer chorar. E há palhaços como eu que só vêm ao picadeiro para dar tempo do outro palhaço trocar de roupa”, dizia o palhaço Tilingo, levando todos às risadas.
Mais tarde, às 6 e meia da tarde formou-se uma grande roda no meio da praça para que todos pudessem trocar experiências sobre brincadeiras de infância. Crianças aprenderam novas formas de se divertir com as vovós e vovôs presentes, assim como os mais velhos tiveram boas surpresas com os mais novos. Música, teatro e folclore se misturaram até às 7 e meia da noite, quando, subitamente, dois homens surgiram do nada, andando nas muretas como se fosse uma marquise.
Trata-se do espetáculo “Um passo a mais”, onde o maior segredo é a improvisação aliada à interação com o público. Mulheres foram arrancadas de seus namorados, óculos foram roubados, pessoas viraram travesseiro. “Uma das coisas que mais achei interessante foi que o público participou de tudo o que aconteceu aqui. Isso ajuda um pouco a quebrar aquela distância que existe quando vamos assistir a algum espetáculo. Achei muito interessante”, conta Maria de Lourdes Ferreira, expectadora.
Quando a noite caia de fato, em uma gostosa tarde de primavera, a praça foi tomada por japoneses que faziam uma procissão até um local sagrado. O musical Haikai parecia dar o tom de toda a tarde. Dança e coreografias, misturado com imagens projetadas em lençóis e guarda-chuvas era apresentados, levando a todos o suave aroma das folhas secas de eucaliptos, espalhados pelo local.
Neste momento a chuva caiu, servindo como coadjuvante da apresentação, no momento exato em que dezenas de guarda-chuvas brancos serviam de adereço para mais um movimento dos artistas.
Encerrada a peça, é chegado o momento mais esperado: o show com a banda Funk como Le Gusta, nacionalmente conhecida. Pessoas vindas de outras cidades só para ver o show foram sutilmente mandadas embora pela tempestade que se anunciava. Mas não se via nos rostos um pingo de desapontamento. Não que a banda não seja boa. Muito pelo contrário. Mas aqueles que vieram só para ver o encerramento acabaram assistindo às outras apresentações, e o resultado foi melhor do que esperavam.
“Vim aqui sem conhecer o evento, só mesmo para ver o show. Mas fiquei impressionado. Atividades como esta deveriam acontecer mais vezes. Isso é cultura pura, e estamos levando isso para todos, democratizando o acesso. A sociedade só vai melhorar quando todos puderem ter acesso a eventos como este”, empolga-se Fernando Clóvis, morador de Cachoeira Paulista.
A chuva caiu pesada, mas quem passou pela Praça por volta de 10 e meia, ainda ouvia o som do Funk como Le Gusta, tocando para uma platéia respeitável. Em todos os sentidos.

Hugo Nogueira Luz é jornalista.
nogueiraluz@gmail.com

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