O Haiti é aqui!
O Haiti nunca esteve tão em evidência na mídia, pelo menos nessa Era da Informação, como nos últimos dez dias. Talvez antes, em 2004, quando a houve a intervenção da ONU e o Brasil mandou tropas para “manter a ordem e a paz” naquele país.
Mas por que a ONU interviu? Por que mandamos tropas para lá? Afinal, o que está por de trás disso tudo? Qual é a história do Haiti? É o que tentarei contar a partir de agora.
O país está localizado em um dos primeiros lugares em que Cristovão Colombo aportou, em 1492, quando da descoberta da América. Chamado inicialmente de Ilha de São Domingos, mais tarde foi dividido entre a República Dominicana e o Haiti. Os espanhóis o colonizaram, mas não por muito tempo. Após um acordo, a ilha passou a pertencer à França, que usou da força para fazer da maioria dos nativos, escravos, trabalhando no cultivo da cana de açúcar.
No início da Revolução Francesa, em 1789, viviam na colônia cerca de 500 mil negros, 24 mil mestiços e 32 mil brancos. O Haiti, proporcionalmente a seu território e sua rentabilidade, podia ser considerado como uma das mais ricas colônias da América, a "pérola das Antilhas".

Financiados pelos ingleses e espanhóis, inimigos dos franceses, negros e mulatos se uniram sob a liderança de Toussaint l'Ouverture, um escravo negro que aprendera a ler e adquirira certa cultura intelectual.
Em 1794, o governo revolucionário da França declarou a abolição da escravidão nas colônias, conseguindo que Toussaint passasse a apoiar as autoridades francesas. Pouco a pouco seu prestígio foi crescendo entre brancos e negros. Em 1801, após derrotar os ingleses e espanhóis, Toussaint preparou a independência do Haiti como um estado associado à França revolucionária.
Assim, buscou-se fazer com que os escravos continuassem produzindo, mas dessa vez para si mesmos. Entretanto, Napoleão Bonaparte toma o poder na França e decide recuperar a colônia, prendendo Toussaint. Mas o povo Haitiano não se rendeu, mantendo-se na batalha e expulsando os franceses de vez do país.
Em meus estudos, pude perceber que a sede de poder ajudou a condenar o Haiti, pois todos que subiam ao poder davam golpes ou tentavam se perpetuar. Outra questão é que os líderes se apoiavam em práticas vodus para governar e colocar medo, tanto na população quanto em inimigos.
Assim, em 1905, os Estados Unidos decidem intervir no país, que tinha uma economia em frangalhos, buscando o pagamento de dívidas. A intervenção americana organizou a economia do Haiti, fazendo com que a situação melhorasse um pouco. Dessa forma, em 1941, após décadas de controle, os Estados Unidos deixam de exercer qualquer influência ali.
De 1946 a 1986 dezenas de ditadores passaram pelo país. Isso mesmo, dezenas de ditadores. Isso porque nenhum deles conseguiu ficar muito tempo no poder, sendo depostou ou até mesmo morto.

Em 1994, Aristide retornou ao poder, com auxílio do Estados Unidos. Mesmo assim, o ciclo de violência, corrupção e miséria não foi rompido. Em dezembro de 2003, sob pressão crescente da ala rebelde, Aristide prometeu eleições novas dentro de seis meses. Os protestos contra o ditador resultaram em várias mortes na capital do Haiti, Porto Príncipe, em janeiro de 2004. Em fevereiro, com o avanço dos rebeldes, o ex-presidente foge para a África e o Haiti sofre intervenção internacional pela ONU.
Aí sim entra a ONU, o Brasil, com o apoio de primeira hora ao país e à ONU, e o terremoto que praticamente dizimou a população da capital, deixando a população em uma situação ainda mais precária do que já estavam.
Hugo Nogueira Luz é jornalista.
nogueiraluz@gmail.com
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