Cidadania. Está é uma palavra que está muito na moda hoje. A toda poderosa Rede Globo não cansa de passar em seus comerciais propagandas mostrando serviço a população com a vinheta final afirmando: "Cidadania, a gente vê por aqui". Até achamos bom, legal, pensamos "é isso aí, vamos ser cidadãos". Mas pára por aí. Vemos a cidadania muito distante, longe, ajudar o povo africano, que sofre, passa fome, morre de AIDS. Enfim, coisas que não podemos fazer daqui. E deixamos de lado.
Aí está o erro. A cidadania deve ser exercida todos os dias, a todo o momento, em todo os lugares. Nas banalidades da vida, nas coisinhas de dia a dia. Pego aqui um exemplo, da foto ao lado, em que há duas caçambas, uma de cada lado da rua, por sinal de duas empresas diferentes, as quais eu fiz questão de apagar as devidas logos, pois não é uma questão pontual: "Você não é cidadão!" É preciso fazer disso uma prática diária, comum, habitual.
Bom, nesse caso, os dois moradores têm o direito de colocar a caçamba ali, talvez não tenham nem culpa, quando viram já estava ali. Mas Ai está a questão. As pessoas, em geral, têm que parar de pensar no indivíduo, e começar a pensar no coletivo, no todo. Alguém dirá: "Isso é comunismo". Eu digo que não. Você colocar os interesses coletivos acima dos interesses individuais é ser cidadão.
Adam Smith (1723 – 1790), economista escocês e defensor do capitalismo, já sabia disso. Afirmou certa vez que "não é bom cidadão aquele que não se preocupa com o bem-estar da sociedade". Li isso depois que me mostraram a cena das caçambas. Fiquei pensando, e peço desculpas mais uma vez aos moradores, se é que eles me estão lendo, mas a culpa não é deles mesmo. A culpa talvez seja da sociedade, essa sim capitalista. Mas um capitalismo que absorveu todos os pontos ruins da corrente, esquecendo-se completamente de seus pontos positivos.
Ladislau Dolbor, sociólogo polonês que mora há anos no Brasil, se perguntava por que as pessoas se acomodavam com o que estava ruim em suas vidas, como por exemplo o por que elas deviam ficar em fila única, ao meio dia, correndo de um lado para o outro atrás do relógio para deixar os filhos no colégio, alegando que o Estado tinha imposto assim. A partir disso desenvolveu uma teoria chamada o Poder Local, que seria o poder de ação que as pessoas deveriam desenvolver para que fizessem de suas vidas o melhor o possível. Fazer elas mesmas as adequações necessárias para que a coletividade vivesse melhor.
Isso não é fácil. Talvez muitas pessoas achem que dê muito trabalho. Por que elas, depois de terem acordado cedo, correr para o trabalho, passar um dia de cão, chegar em casa para o almoço e ter que comer a comida ruim da emprega nova, sair correndo para levar as crianças para a escola no trânsito, pois é a hora do rush, aguentar o chefe chato no calor infernal da tarde, terão que chegar em casa e na única hora de paz que lhes resta ter que ficar esquentando a cabeça com essa história de Poder Local, coisa que o Estado devia fazer? É, realmente. Mas há se elas soubessem......
25 de fevereiro de 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Sabe Hugo, coloquei-me a refletir sobre cidadania depois do teu texto e cheguei a seguinte conclusão: cidadania nada tem a ver, à princípio, com filosofias socialistas ou capitalistas, ela advém mesmo da natureza humana. Nós não nascemos "cicilizados" aprendemos a conviver com as regras sociais ao longo da vida e as absorvemos através das nossas diversas culturas. Acontece que é da natureza do ser humano ser egoísta em prol da sua sobrevivência, com isto, o que temos é que as pessoas são "obrigadas" a romper com sua natureza a favor da civilidade. É por essas e outras que temos não só casos como esses das caçambas que vc citou, como a violência, a intolerância e a falta de bom senso. Definitivamente o ser humano é perverso e é frágil ao extremo, tanto que mal consegue domar seus próprios instintos mais selvagens. Nietzche já dizia o ser humano é demasiadamente humano... eu já desisti, não acredito mais que a sociedade, em massa, possa ser mudada, uma pq seja lá quem for o comandante disso será tão frágil e suscetível a erros e outra pq a sociedade não está nem aí, nem sabe, nem percebe o que acontece consigo, não consciência nem da própria existência... Só Deus mesmo para dar um jeito nisso e creio que qdo esse momento chegar não sobrará pedra sobre pedra, ou melhor ossos sobre ossos... Abraços, continue a publicar, são sementes que podem escapar do asfalto, pense nisso! Visite, leia e comente: http://www.marcobonito.com.br/blog
Postar um comentário