Por trás das cortinas do Congresso

Na semana passada a Polícia Federal deflagrou a Operação Castelo de Areia. Já era hora. Já era hora de a PF voltar à cena, ao alvo da grande imprensa, admirada por muitos, cada vez mais, odiada por alguns segmentos, cada vez mais também.

Mas falemos do assunto em pauta. Parte da alta cúpula da Construtora Camargo e Correa teve pedido de prisão preventiva durante a operação. Prisões estas já revistas pela justiça, através da Desembargadora Federal Cecília Mello, com a expedição de habeas corpus.

A construtora é velha conhecida em Brasília, possuindo fortes influências em cada um dos Diretórios Nacionais Partidários, trânsito livre no Congresso Nacional e em “reuniões” à beira de piscinas e do lago sul da capital federal.

A investigação da PF apurou o conhecido por muitos: Escutas telefônicas apontam que a empreiteira fez doações ilegais a partidos. O relatório da PF cita PSDB, DEM, PPS, PSB, PDT, PMDB e PP, que negam caixa dois.

Para quem não tem intimidade com a política, não há nada de novo, infelizmente. Trata-se do esquema mais comum de roubo de dinheiro público. A empresa tem bons contatos em todos os partidos e, portanto, em todos governos. Processos licitatórios são mecanismos obsoletos, de tão simples e tão grande a quantidade de maracutaias. Entram no processo, são beneficiados, e depois devolvem o dinheiro aos partidos, em épocas eleitorais, e a políticos, em qualquer época.

Mas o sistema eleitoral brasileiro é de grande eficácia. Não dá pra receber dinheiro, declarar e não ser pego. Daí então o surgimento do chamado caixa-dois. O caixa-dois nada mais é do que o dinheiro que empresas doam a partidos sem declarar. A empresa não declara que deu e, portanto, da onde veio, e o partido não declara de onde veio. Logo, pra onde vai.

Nada de novo. De novo, só a PF mandar figurões assim para trás das grades, como têm sido hábito há tempos, de uma nova Polícia Federal, que dá orgulho de ser brasileiro. Falta ainda arrumar mecanismos para que essas “pessoas” não arrumem mecanismos para burlar o sistema judiciário e saiam à rua depois de alguns dias numa bem confortável cela. Mas um degrau de cada vez, para chegar lá em cima.

Hugo Nogueira Luz é jornalista.
nogueiraluz@gmail.com