27 de outubro de 2009

E eu com isso?


As novas tecnologias têm mudado o mundo de uma maneira imprescionante. Profissoões foram criadas. Profissões foram extintas. E nenhum trabalhado se manteve igual a antes dessas mudanças.

Isso se refletiu, mais intensamente, na comunicação. A comunicação virou brinquedo para quem não era profissional, com ferramentas como orkut, blogs, sites, msns da vida, entre outros. E virou coisa ainda mais séria para quem ganhava a vida dessa forma. A informação passsou a ser um prato que deve ser servida, indiscutivelmente, quente, muito quente. Tão quente que tem horas que queima a mão, a boca ou sei lá o que por onde seja ingerida.

É indiscutível que todas essas ferramentas aproximaram pessoas, encurtaram distâncias e fizeram com que se esteja em qualquer lugar sem sair de casa. E isso quer dizer que todos os lugares do mundo têm que estar dentro da casa de cada pessoa. Jornalistas e profissionais da comunicação têm que se desdobrar para dar a todos os anônimos que estão do lado de lá da informação, detalhes de cada um dos milhares de fatos que acontecem a todo o momento, em todo o mundo.

Diz a Constituição que todos têm o direito à informação: direito de se informar, de ser infomado e de informar. Os dois primeiros itens estão devidamento cobertos, com o sacrifcío dos profissionais. Mas e o terceiro? Todos têm o direito a informar também. E isso foram criados meios para que a pessoa “normal” pudesse infomar.

A mais nova moda é o twitter. Um site de relacionamento onde só é possível inserir mensagens com até 140 caracteres, que são exibidas na página do autor e para os seus “seguidores”. Você, provavelmente, conhece o twitter e minha intenção aqui não é descrevê-lo.

O que quero discutir é o uso que muitas pessoas têm feito, não só do twitter, mas das ferramentas de comunicação em geral. Um dos fatos que marcaram o twitter foi quando a notícia da queda de um avião nos Estados Unidos foi transmitida em tempo (quase) real através do celular de uma pessoa que passava pelo local. A mensagem foi enviada através do celular, mas pelo twitter, que oferece uma ferramenta que permite a comunicação via telefone móvel.


Muito bom. Aplica-se ainda mais velocidade à transmissão da informação. Muitos jornalistas utilizam-se atualmente do twitter para transmistir informações úteis ao público. Eu mesmo, que entrei recentemente neste “mundo” (mais uma gíria dos usuários de novas tecnologias), acompanho pessoas que transmitem informações extremamente interessantes por este meio de comunicação.

Não só jornalistas, é claro. Não serei descriminatório, já que eu disse acima que, com as novas tecnologias, todas as pessoas têm a possibilidade de “informar”. Há muitas pessoas que utilizam-se do twitter e colocam em rede informações valiosas.

O que me assusta é que muitos, e mais uma vez, jornalistas e não jornalistas, usem o twitter como forma de exposição de sua vida pessoal. Fico realmente assustado com isso. Por que alguém informa no twitter o que está fazendo a cada minuto? O que isso interessa aos demais? Posso estar errado, mas vejo que muitas pessoas utilizam-se dessa ferramenta como forma de autopromoção, transmitindo ao longo do dia ações banais, que deveriam caber ou interessar só a si mesmos.

Mas o que mais me deixa estarrecido é que haja platéia ou audiência para isso. Por que alguém se interessa pelo o que outras estão fazendo? Se eu acho que você não tem, ou não deveria ter, motivos para falar o tempo todo o que está fazendo, eu tenho menos motivos ainda para querer saber o que você está fazendo.


Recentemente vi uma matéria informando que as montadoras poderiam ser obrigadas a inserir GPS (Global Position System) nos veículos como equipamentos de série, no intuíto de facilitar a recuperação de veículos furtados ou até mesmo o rastreamento no caso de sequestros. Diversos entrevistados afirmaram que isso seria mais uma forma de coibir as liberdades indivíduais. Reclamamos que novas tecnologias podem fazer com que tenhamos nossa privacidade e vida pessoal enfraquecidas, expóstas às demais. Mas nós somos os primeiros a fazer isso, expôr nossas vidas para pessoas que nem sabemos quem são, por livre e expontânea vontade.

Sinceramente, não entendo isso. Não tenho nenhum tipo de preconceito, mas não entendo. Pesquisas mostram que o brasileiro é um dos povos que mais tempo fica na internet. Mas qual a qualidade dessas horas? O que tanto fazemos na internet?

As novas tecnologias serviram, entre outras coisas, para aproximar pessoas. Mas será que esta proximidade chega a tal ponto que a intimidade se torna pública? É claro que todos têm o direito de falar o que quiser, como quiser e para quem quiser. Mas já que estamos comunicando, temos que pensar sobre uma premissa básica da comunicação: o interesse público.

Hugo Nogueira Luz é jornalista.
nogueiraluz@gmail.com

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