A tragédia de São Luiz do Paraitinga
São Luiz do Paraitinga sempre foi para mim uma cidade ímpar. Nas voltas de Ubatuba a parada ali era obrigatória com meu pai, comer um delicioso bolinho de carne, naquela, que é uma das cidades mais charmosas que eu já conheci em minha vida. (Veja um ensaio completo com fotos tiradas em São Luiz do Paraitinga em Por Trás da Objetiva)
Estive lá, mais uma vez, no dia 15 de janeiro, e pude constatar umas das situações mais tristes que já vi em toda a minha vida. As pessoas falavam, os jornais mostravam, mas a impressão de chegar e ver as coisas ali, ao vivo, foi diferente. Não imaginei que as coisas estavam naquele estado.
A entrada da cidade está cercada por políciais e por homens do exército. A imagem já intimida. A estrada de acesso à cidade tem barreiras caídas em quase toda sua extensão. Os carros têm que se revezar para passar, pois em quase todo o percurso é impossível passar os dois ao mesmo tempo.
Quando começam a aparecer as primeiras casas, os sinais do desatre vêm junto. A maioria das casas tem diversos entulhos na porta: sofãs, colchões, fogões, enfim, tudo o que se podia perder foi perdido.
O prédio do Fórum tem lama até o segundo andar. Armários arquivos se aglomeram na calçada, demonstrando que os prejuízos alcançaram lugares e situações bem maiores do que se pensava.
Na cidade, as ruas não se parecem com ruas, as casas não são mais casas, as pessoas voltam a carregar no rosto um semblante de esperança e dor, quando os grupos de homens e mulheres começam a mexer nos entulhos, iniciando a arrumação que parece interminável.
O mais imprescionante é mesmo chegar próximo ao que sobrou da matriz de São Luiz. Uma contrução imponente, que dava o toque final ao cenário rústico e singelo, com os casarões antigos, a praça sempre bem arrumada e o Coreto, um refúgio ao corpo nos dias de sol e para os olhos, em todos os dias. Disso tudo, sobrou o Coreto e poucos casarões.
O calçadão, antes acolhedor e passagem obrigatória para observar as flores e plantas vendidas na rua e refúgio de milhares de carnavalescos felizes e alegres, hoje guarda lama e barro, com seus moradores, que estão ali 365 dias por ano, começando a colocar as coisas em ordem, mesmo que mesmo a paisagem seja desanimadora.
Mas, além da imagem de casas e prédios destruídos, dos destroços e do que sobrou nas ruas, o que chama a atenção é a grande quantidade de pessoas que, com sorrisos nos lábios, se unem para trabalhar em benefício da cidade, de seus moradores e dos futuros visitantes, que não deixaram de ir até a cidade, com certeza.
Homens, mulheres, crianças, todos fazem o que podem, conversam, riem, trabalham. No centro da praça, a SABESP montou uma barraca de distribuição de água. Caixas e mais caixas com copos de água ficam à disposição de quem passa. Há um caminhão pipa que faz o abastecimento diário. Não há água na maioria dos locais. A tragédia causada pelo excesso de água deixou as pessoas sem aquilo que é sua necessidade vital.
Mas, mesmo que a situação seja assustadora, mesmo que a tristeza tome conta quando se vê o cenário, a solidariedade e a perseverança também estão em todo o lugar. Aquilo contagia. Incentiva a ajudar. Aquece o coração. Mostra que há situações bem mais difíceis do que aquelas que enfrentamos no dia a dia. Mostra que é possível aquilo que nós, por enquanto, só estamos acostumados a ver na televisão. É verdade. Existe.
Para quem quiser e puder, convido e incentivo a ir até a cidade. Para ver com seus próprios olhos e ajudar no que for possível. Necessidade há. Para quem não pode ir e quer ajudar, aqui está a conta bancária para doações.
Hugo Nogueira Luz é jornalista.
nogueiraluz@gmail.com
foi muitoO triste o que ocorreu la em são luiz mas se cada um ajudar como pode logo logo a cidade estará reerguida!!!
o mundo virou de cabeça pra baixo! ninguem faz nada pra mudar... Se continuar assim vai piorar cada vez mais!!! Deus deu tudo pra nós, e só fizemos coisas erradas... Assim não da mais!!!
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