Kassab: os mesmos capítulos de diferentes novelas
A Justiça Eleitoral suspendeu, agora a tarde, a cassação do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM). Com a liminar, Kassab e sua vice continuam no cargo até a decisão final do TRE (Tribunal Rregional Eleitoral).
Quando vi a notícia da cassação de Kassab, infelizmente, graças ao vício que tive nos quatro anos de contato diário com a política partidária, pensei: "bobagem, isso não dá em nada". Não que eu ache que não deva dar em nada, mas eu conheço um pouco da legislação eleitoral e sei que ela abre brechas infindáveis, quando se é necessário escapar de uma situação como essa.
A rigor, o que aconteceu nesse caso, pelo o que o Jornal da Tarde publicou, a Justiça considerou irregulares uma série de doações à campanha de Kassab e de vários vereadores da cidade de São Paulo. Infelizmente,mais uma vez, nada mais do que estamos acostumados a ver nas campanhas do governo Federal, dos Estados e dos municípios do Brasil.
Nesta segunda, o prefeito tentou dissociar os contratos da Prefeitura com empreiteiras das doações que recebeu. Reportagem do Jornal da Tarde aponta que cinco dessas empreiteiras somam R$ 243 milhões em contratos já pagos pela Prefeitura desde 2009. Juntas, Camargo Corrêa, OAS, Carioca Christiani Nielsen, Engeform e S/A Paulista doaram R$ 6,8 milhões para a campanha de Kassab à reeleição.
Políticos buscam apoio financeiro de empresários durante o período eleitoral. São doados milhões de reais. Muitos deles por baixo dos panos, o caixa-dois, alguém aí já ouviu falar? Mas nada é de graça. Quando o político é eleito começam as cobranças. O prefeito falou em "processo licitatório transparente". Sinceramente não sei se isso existe de fato ou é conto da carochinha.
A solução é uma reforma política. Financiamento público de campanha é um bom começo. O governo, sim, o governo, repassa aos partidos a verba que deverá ser utilizada durante as campanhas. É proibido qualquer dinheiro fora esse. Grandes passos já foram dados nesse sentido, mas...
Quando se fala de uma mudança verdadeira, se esbarra na boa vontade de quem vota tais questões. Afinal, regular o dinheiro a ser gasto pelos outros é legal, mas quando a coisa é conosco, fica mais delicado. E quem votaria uma reforma como essa? Os mais interessados no dinheiro dos empresários. E com financiamento público de campanha não dá pra comprar votos, né?
Hugo Nogueira Luz é jornalista.
nogueiraluz@gmail.com
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