A política que queremos?

É triste ver no que a política da cidade de Lorena está se transformando. Estamos acompanhando uma série de acontecimentos ligados à política e aos políticos que tem deixado aqueles que gostam da cidade de Lorena e os que gostam de política, desanimados.

Mais do que falar mal de um ou de outro, criticar o prefeito, esse ou aquele vereador, estava pensando e queria falar sobre a situação calamitosa que as instituições políticas se encontram.

Depois de mais de dez anos acompanhando a política municipal e de quatro anos trabalhando diariamente na Câmara Municipal de Lorena, tive a certeza, em 6 de outubro de 2009, que nunca mais gostaria de trabalhar com política em minha vida. Pelo menos não com a política partidária. Isso porque as eleições foram sujas. Sujas de dinheiro e de corrupção. E não só por parte dos políticos. Os que mais sujaram as eleições foram aqueles que, muitas vezes, são os únicos que podemos considerar menos confiáveis que os políticos: os eleitores.

O que se viu foi uma venda de votos sem tamanho. Pessoas totalmente desinteressadas e desinformadas, pouco se importando em quem ia ganhar as eleições e governar a cidade pelos próximos quatro anos. Eles estavam pensando em si mesmos. E num tempo muito curto. Votaram mal. Péssimo. Nunca vi uma Câmara tão mal formada, por pessoas que não mereciam estar lá, sem exceção. E, mais do que isso, vi uma população que praguejou quatro anos contra um prefeito que dava, a cada dia, demonstrações de incompetência e desonestidade para quem quisesse ver, elegê-lo novamente, como se fosse o melhor dos homens do mundo.

Não gosto de jogar nada na cara de ninguém, mas pagam o preço por aquele ato imbecil, medíocre e nojento. Nossa cidade, que está localizado na região mais rica do país, dentro do eixo de maior importância do Brasil, vê todas, todas as cidades vizinhas progredirem e ganharem força sem poder fazer nada. Uma cidade em que os funcionários municipais vivem com o constante medo de não receber seus salários. Uma cidade onde as discussões na Câmara não são em busca de melhorias para a cidade e para a população, mas só em benefícios próprios.

Vereadores ouvem a população para parecer bonzinhos. Não vi um vereador defendendo algo de útil para um, que seja um cidadão. E isso não é de hoje. No último mandato já tínhamos, em minha opinião, apenas dois vereadores que estava ali lutando pelos interesses dos loreneses, de fato. Um deles buscava também alguns interesses particulares, naquele momento, mas que, se alcançados, poderiam trazer progresso e desenvolvimento para a cidade.

Mas a população disse NÃO a esses dois vereadores. Por isso digo hoje, Coelho e Fábio Marcondes, não era essa a nossa vontade, mas a população está pagando pelos seus próprios erros. E nós, eu, vocês dois e mais uma legião de pessoas, podemos, ao menos, deitar nossas cabeças nos travesseiros e dizer: nós fizemos nossa parte.

Infelizmente, quando vemos vereadores xingando uns aos outros de demônios, ladrões, tentando se ofender, esbravejando e denunciando enormes escândalos de corrupção, sem contar que foi ele mesmo que arquitetou e planejou tais golpes contra os cofres públicos, quando vemos essas coisas, que são claramente demonstrações de como não fazer política, nós não conseguimos dormir em paz, mesmo tendo feito nossa parte.

Me dá nojo ver a situação em que as coisas estão. Pessoas defendendo políticos, mas não porque acreditam neles. Eles não estão defendendo aqueles homens ou suas idéias. Essas pessoas estão defendendo o pequeno curral que lhes foi dado e que é dali que tiram o sujo dinheiro que alimenta suas famílias.

Digo mais uma vez: denunciar e desbaratar golpes, desfalques e negociatas é fácil quando se fez parte delas, se não eram que faziam parte deles. E, como sempre disse meu caro amigo Claudemir, fazer propaganda política nas Sessões de Câmara é inútil, pois 98% das pessoas que ali se encontram são viciados em política e tem seu lado. Há, hoje na Câmara, pessoas que gritam e denunciam, supostamente defendendo a população, mas simbolizam cachorros de quem o osso foi tirado. E há outras pessoas, que gritam e esbravejam para que não tirem o osso que tanto lambem.

Hugo Nogueira Luz é jornalista.

nogueiraluz@gmail.com