28 de novembro de 2010

Guerra no Rio - 1º Capítulo

A população de todo o Brasil aplaude as operações da polícia e das forças armadas, que retomam favelas do Rio de Janeiro, numa jornada sem volta contra o tráfico de drogas. Traficantes, familiares, advogados são presos em suas casas, muitas delas em condomínios de luxo da cidade maravilhosa.




Isso, dois meses depois que milhões de brasileiros exaltaram a criação do “primeiro super herói brasileiro”, como definiu, em letras garrafais de sua capa, a Revista Veja. O agora Coronel Nascimento, vivido por Vagner Moura, também recebeu aplausos de brasileiros depois que lutou, mais uma vez, contra a corrupção e a impunidade.

Dessa vez, o campo de batalha era outro. O auge da segunda saga de José Padilha é o momento em que o ex-comandante do Bope espanca um deputado federal, seu colega de corporação, depois que os interesses dos dois se cruzam. Nascimento lutava contra a milícia que era o motor da riqueza e da ascensão política do deputado.

Há muito o que se falar sobre esse momento histórico vivo no Rio de Janeiro. Gostaria de falar aqui sobre o que mais me emocionou em toda essa história, que é a coragem e o sentimento de emoção que atinge os cariocas nesses últimos dias. Pessoas que antes era marcadas como colaboradores do tráfico de drogas e que tinham pela polícia um sentimento de completo nojo, com razão na maioria dos casos, mostra que o que precisavam era alguém para confiar.


Na falta de o poder público chamar essa responsabilidade para si, reinava o domínio do medo. Mas não, não era aquilo o que eles queriam. O desejo da população está expresso nas janelas, nos panos brancos, nas bandeiras do Brasil, em cartas, caixas de fósforo, nos sorrisos, ainda temerosos mas, principalmente, nos depoimentos corajosos que vimos em todos os cantos da cidade durante toda a semana.

Mesmo em momentos de completa tensão, quando ainda não havia sequer previsão de controle das favelas, não houve uma crítica da população à ação. A situação era caótica. Mas não ouvi uma pessoa reclamar ou dizer que tratava-se de um banho de sangue, que a operação era violenta ou que colocaria em risco a população.

Todas as pessoas, desde o começo, foram unânimes em afirmar: “tem que continuar, não dá pra voltar atrás. Se a polícia recuar vai ser a vitória do poder paralelo e isso não pode acontecer”. Mesmo com medo, mesmo sabendo que a guerra poderia não ser rápida, a população do Rio de Janeiro deu forças e encorajou as forças públicas.


Isso é o mais emocionante, na minha opinião.

Mas há ainda muitas outras questões a serem discutidas. Por exemplo, por que Nascimento virou herói nacional no segundo filme, ao combater policiais corruptos e políticos desonestos, mas, no primeiro Tropa, o sentimento não chegou a esse nível? No primeiro filme, o alvo eram os traficantes e aqueles que financiam o tráfico: os usuários de drogas. A população bate palmas quando corruptos são cassados, mas se esquece que não há corrupção sem aqueles que se corrompem, policiais, deputados, mas também há outro lado, os que corrompem, os que pagam propina.

Assim como não há traficantes se não houver usuários. Mas isso é uma questão para mais tarde.


Hugo Nogueira Luz é jornalista.
nogueiraluz@gmail.com

1 comentários:

andre 10:35  

Como filho de um Oficial da FAB, eu fico feliz pelo apoio dado pelas Forças Armadas através do Governo Federal.O ex-governador claudio lembo teceu um comentário criticando a entrada das Forças Armadas na luta contra o crime no RIO,mas será que ele se esqueceu que mutias pessoas morreram em SP em decorrência dos ataques do PCC e da pouca força da segurança pública de SP???? E, para acabar com isso o governo de SP teve que fazer um acordo vil e covarde com o PCC?!!! Ao contrário no RIO, governo estadual de lá e governo federal se uniram e iniciaram o combate contra os traficantes e a população bem como o Brasil vê com bons olhos essa parceria! PSDB/DEM: NUNCA MAIS!!!!!!

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